sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

As pessoas que eu gostaria de encontrar no céu

As pessoas que eu gostaria de encontrar no céu,
segundo as normas de salvação
e os critérios de se reconhecer um réu,
é bem provável que no céu não estarão.

Não são anjos que me inspiram;
ocasos deslumbrantes num deserto,
decerto que não seriam.
Ao coro de vozes não me desperto,
nem à intrincada melodia lauta;
saiu do tom o que me intriga...
Desafinou, pulou da pauta
o que me encanta e irriga.

O que alenta um espírito
assim tão frágil tão incauto,
não é o forte nem o fausto;
é vício de vida o que respiro.
As pessoas que eu gostaria de encontrar no céu,
são as mesmas que encontro ao léu.
E as cadelas que vagueiam prenhas
nas calçadas lixando suas mamas...
E um pombo cinza de guerra
que erra por não ser branco,
aos pés do vadio sentado no banco
que banca todo lixo da terra.
O que me lança vivo na fogueira,
não é promessa de vida eterna
ou recompensa devida e terna;
é a vida e a causa
das pessoas e coisas
que eu gostaria de encontrar no céu.

6 comentários:

Alice disse...

Uauu... calei-me diante de seu texto !

Grande abraço para ti !

Alice disse...

Uauu... calei-me diante de seu texto !

Grande abraço para ti !

Alice disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Gde abraço pra ti tb Alice e bom Natal.

Anônimo disse...

Lendo "O Evangelho Maltrapilho", seu poema bem que podia ser o prefácio das futuras edições. Vou propor à Mundo Cristão... Abraço e Bom Natal (estamos na Oitava, ainda - rs)

Anônimo disse...

Não creio Turuna, mas obrigado e ótimo 2009.
abç