quarta-feira, 18 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

Para quem não sabe... (3)

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segunda-feira, 9 de março de 2009

Mais de Perfect Day

Agora com Bono, Elton John, David Bowie, Duran Duran...

Soneto ao DIU internacional da mulher

Salve o dispositivo intra-uterino,
para inteirinho entrar disposto
o dispositivo PIU masculino:
Peça Invasora Única.

Artefato colocado na cavidade,
na verdade e de fato excepcional,
um diafragma anticoncepcional,
não requer disciplina e quantidade.

Descarado, ele perguntou
se ela estava usando DIU...
Ela apenas disfarçou e riu.

Pela tarde, ele se desculpou:
oh, como sou tão homem, tão vil...
Se puder, faça que nunca me viu.

domingo, 8 de março de 2009

Nenhuma mulher

Há no mínimo mil mulheres
dentro de cada mulher
e no máximo todas dentro de uma.
Há uma dentro de cada,
que, como nenhuma,
sabe bem o que quer,
enquanto as outras
querem não saber...

Assim que é difícil,
ou, impossível,
dar ao homem entender,
sequer imaginar
o inesgostável de limites.
Que saiu dele... Pode ser;
mas por ele mesmo não conter
o que não lhe era próprio,
o que não conseguiu reter.
Saiu o que não lhe cabia.
A capturá-la sai todos os dias,
ao menos uma das milhares;
ao menos uma das mulheres;
quem dera uma das melhores...

Nenhuma mulher há
dentro de nenhuma
que se vista de perfeição,
ou da ilusão dispa-se.

Há no mínimo nenhum homem
que saiba lhe dar um nome,
que saiba lhe dar o tempo
e acaba lhe dando... Um dia.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Para quem não sabe... (2)

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segunda-feira, 2 de março de 2009

Para quem não sabe desenhar, só escrever

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dia perfeito

Clássico de Lou Reed em duas versões. Na primeira, com Elvis Costello, participando do talk show deste.
Na segunda com Pavarotti. Eu nem sabia que podia essa mistura.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Camisinhas e Rastreadores

Calma. Não é em camisinhas que vão instalar rastreadores. Ainda não.
Será nos automóveis. – Até o dia em que sairão de fábrica também com porta-camisinhas. (há hífen?)
Desculpem. Devo separar os assuntos. (tarefa sempre muito difícil pra mim, pois em minha cabeça tudo está muito misturado; saí de fábrica assim)

Rastreadores

Há uma resolução (245) do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que determina que, a partir de agosto desse ano, todos os automóveis saiam da fábrica com rastreadores.
Eu pergunto: a quem interessa tal medida, senão às próprias montadoras, aos fabricantes do aparelho e, principalmente, às seguradoras. - Talvez lá no fim dessa lista de interessados estejam os paranóicos da traição, que terão uma chance a mais de acharem seus parceiros.
Será que é certo isso? Quando na minha adolescência li George Orwell (1984), achei angustiante, mas longe de mim aquelas intromissões na liberdade. Hoje, digamos, estou procurando onde joguei o livro...
Será que não deve ser o consumidor quem deva decidir se quer ou não ser monitorado?
Vou preferir minha privacidade a um carro. Pelo menos até o dia em que colocarão o rastreador em mim.
Um pessimista é um neurótico diferente dos outros. Ele planta o milho, mas vai chupando o sabugo já no presente.
Imaginem que ficarão sabendo que, por exemplo, num domingo à tarde meu carro esteja nas regiões do Parque São Jorge... Conclusão: ele é corintiano.
Ou, ele estaciona sempre próximo àquela igreja-hospital (que opera nos cultos), todos os sábados e domingos... Concluem: ele é um desses charlatões, ou um operado.
Num dia eu resolvo passar em outro lugar ao sair do trabalho. Alguns dias depois, minha mulher me questiona o que eu estava fazendo naquele podólogo que também faz massagem tântrica, pois meu carro se encontrava estacionado em frente.
Como provar que eu estava comprando um componente do micro na Rua Aurora e não no “cinema”?
Num restaurante e não na Universal?
No hospital na Frei Caneca e não no shopping?

Camisinhas

O Ministério da Saude vai reforçar durante o Carnaval a distribuição de preservativos em todo país. Além dos 45 milhões de camisinhas distribuídos mensalmente, mais 10 milhões de preservativos serão disponibilizados durante a folia.
Por que é o governo quem tem que desembolsar, não apenas com os preservativos, como também com as campanhas?
Por que os fabricantes de camisinhas, os que lucram, – aliás são os únicos que lucram também quando suas marcas são colocadas no pau – não tomam eles a frente das campanhas por esse Brasil a fora e, dos lucros que gozam, ejaculem os custos?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Disk poesia

Pedi uma poesia,
meio lírica,
meio melancolia
com borda cínica,
forno à lenda.
A fome era grande,
a noite era enorme...
Esperamos sentados,
eu no seu colo
e depois deitados
com olhos no teto,
às vezes um sono,
às vezes um cheiro...
Trocar de sabor que tal?
Enquanto nada chega,
meio angustia,
meio euforia,
com bordas entediadas...
O vinho acabou.
Lambeu o restinho
o cão que achou
a poça no chão,
pois você esbarrou
e caiu do colchão
a taça em perigo.
Pegamos no sono,
tivemos um sonho:
a poesia chegou,
corri pro portão,
mas pisei nos cacos...
Feita de sangue
agora era a poça
que o cãozinho lambia.
Você foi pagar
enquanto eu gemia
e a fome era tanta
que você se despia...
Entregava-se ao entregador
que cobrava a poesia
e sem troco pro seu corpo,
ficava então como caixinha.
E eu gritava lá do chão,
meio pra ela,
meio pra ele,
e o cão lambia minha poça,
ali de sangue, a roldão,
e o entregador lambia a moça,
ali mesmo no portão
enquanto esfriava a poesia
e a hemorragia eu estancava,
como quem gostava você ria...
Vinho e sangue do chão secaram;
de perder sangue eu desmaiava;
de lamber vinho o cão me mordia,
na orelha e na virilha.
Desacordado eu gemia
e você lá fora gritava,
meio pra ele,
meio pra mim...
O ouvido me doía,
não do grito,
mas da dor.
Meio vivo,
meio torpor,
ouvia o hálito da tua voz,
com ternura me acordando...
A poesia tu comias,
meio tristeza,
meio delicadeza.
Do sonho me escapei,
mas fome já não tinha.
Lembrei-me da poesia,
se ela vinha ou não vinha;
nua e obliqua,
meio sem graça,
meio sem jeito,
você me relata:
entregaram a coisa errada!
Veio prosa em pedaços,
recheio de sujeito,
cobertura de predicados
com borda de verbos...
Fiquei indignado.
Quis me levantar,
mas no chão havia cacos;
na tua cara uns olhares,
no cão uns rosnares...
Meio pra ela,
meio pra mim.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Um palíndromo

Ô PORRE MEU! QUE LEI NADA DANIEL, EU QUEM ERRO PÔ!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Um acordo que fizeram aí

O menino chegou bem confuso em casa, depois da explicação da professora sobre o novo acordo ortográfico.

- Mãe, por que não tem mais hímen?
- O que filho?! – pega de surpresa.
- É, você não tá sabendo que não tem mais hímen?!
- Como assim? – achando precoce a pergunta, mas tentando se recompor.
- Putz! Vou ter que explicar... Nem entendi direito.
- Filho, escuta. Ainda existe hímen sim...
- É, mas a professora falou que não é em todas que tem.
- A professora falou isso?
- É, a de português.
- Olha filho, não sei por que ela te falou isso, mas não é assunto da matéria dela e...
- Como não? Ela sempre fala essas coisas pra gente.
- Depois a mamãe vai conversar com ela. – já quase indo àquela hora mesmo.
- Não mãe! Ela vai pensar que eu sou burro!
- Acho que ela é que não bate bem...
- Ela disse que aqui no Brasil é tudo muito atrasado... Como assim mãe? Fora o ônibus, o que mais atrasa?
- E ela é moderna demais pro meu gosto. – já perdendo as estribeiras – Fala pra ela, que se há muito tempo ela não tem, é problema dela!
- Mas Ana-Clara tem hímen, mãe?
- Ora, claro que não menino! Ela já tem filho da tua idade...
- Ah tá... Ela deu pro Luis-Augusto?
- Que jeito de falar moleque! Pra quem ela de... Quer dizer, com quem ela perdeu, é problema dela...
- Coitada...
- Coitada por quê?
- Porque ela perdeu... Pensei que estava com o filho dela... O Luis Augusto...
- Filho! Homem não tem hímen!
- Êêêê... Isso eu sei mãe! Só quando homem não tiver o “h”, uma coisa assim...
- Não acredito nisso...
- É sim mãe. Ela falou que sem “h” pode até ter...
- Que mais ela falou, essa...?
- Por que você tá brava com ela mãe?
- Não to brava!
- Ah já sei.
- O que?
- O seu tinha e você também perdeu...
- Menino! Onde já se viu?! “Perder” é uma forma de falar... Mas não é exatamente isso.
- Caiu? Como outros pontos?
- Vou tirar você dessa escola é hoje mesmo!
- A professora não tem culpa... É um “Acordo” que fizeram aí...
- Acordo?! Que Acordo? Isso já é caso de polícia!
- Nossa mãe! Não sabia que o hímen era tão importante assim pra você...
- É sim!... Quer dizer, Foi! Foi sim. E todos deviam se importar com isso!
- A professora Ana-Clara... Ana Clara é legal. Só quer ajudar...
- Para!
- Ela disse que a gente só precisa... Como é mesmo?... Tomar cuidado onde... Acentar... É isso.
- Agora chega! Já pro teu quarto! Mal saiu das fraldas...

Não resolvido, o menino sai, mas de longe:
- Mãe... Falando nisso... Recém-nascido tem hímen né?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

ca FÉ com LEI te - Ditados

Todos já devem ter se perguntado, como começaram esses ditados que falamos e ouvimos por aí. Cumprindo sua missão de dirimir as questões que todo crente-cabeça (tem hífen?) se recusa, ou não sabe responder, o caFÉ com LEIte trás a sessão:
Quem Começou o Ditado.

1 - “Mente ociosa, oficina do Diabo”

Adão veio com essa ao discutir com Eva a sua falta do que fazer, enquanto ele dava um duro danado colocando nome nas coisas... Mas aí já era tarde demais.


2 - “Mata a cobra e mostra o pau”

Eva disse para Adão, buscando no parceiro o herói e, dissimulada, pede para ver a arma para então fazer sossegar sua ira de vingança.

Uma fonte, não fidedigna, embora também muito aceita, diz se tratar de chantagem de Eva para com Adão; constituindo assim, a primeira chantagem da mulher ao homem.


Li em 2009

Tá bom. Não sei o que isso vai contribuir aos meu leitores, mas vá lá:

1. Manual da roçadeira Toyama - 5 pg
2. Bula do Levitra Vardenafil - 1/2 pg (talvez valha por uma, pelo tamanho da fonte)
3. Dois capítulos do livro de Gênesis (Bíblia) - 2 pg
4. "História da Rua Vinte e Cinco de Março” Assoc. Comerciários, Castro Ed, São Paulo SP - 10 pg
5. A “orelha” de alguns livros num sebo.
6. Uma redação do meu filho quando ele tinha 11 anos - 1pg
7. Tres Boletins da Igreja Projeto Raízes - 2 pg
8. Letra de uma música do Lou Reed - 1pg
9. Textos aleatórios de blogs como pavablog, metamorfoseante, obvius, doxabrasil, volneyf e outros - +-6pg.
10. Quatro versos de Rimbaud.
11. Uma orientação do PROCON via web de como proceder pelos meus direitos contra a Cia dos Livros.com que não entrega nem me dá retorno algum da compra de livros que fiz no dia 18/01/09. (9 livros didáticos para minha filha) - 1 pg.
12. “Evangelho do Dia” Quarta semana do tempo comum, ano impar, 4ª semana do saltério (livro III) Cor Verde. - 4 pg, (somando tudo)
13. E-mails de amigos pedindo orações, alerta de vírus, a história da mãe de Obama, como comer frutas entre outros que a gente só lê pela força da amizade.
14. 4º. Colóquio Internacional sobre Celulose de Eucalipto - 1 pg.
15. “Um Peru Pentecostal” (não pensem que é brincadeira, mas o interesse pela matéria é por que meu filho estava no Peru) via web. - 1 tela
16. Machu Pichu – verdades e lendas, Wikipédia - 1 tela
17. Um panfleto explicativo sobre Krav-Magá – arte de defesa pessoal das Forças Armadas de Israel. (não que eu estivesse interessado em tal arte; apenas me caiu à mão. Já sou faixa-preta em atirar pedras) - 1 pg.
18. Um poema de Khalil Gibrain - ½ pg

Que me lembre é só. Omiti outras obras de somenos importância.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Editora Imundo Cristão (7)

Apesar da crise, a Editora Imundo Cristão aposta na fidelidade de seus leitores.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Evãgélico mático

O problema do evãgélico é ele ser muito concreto.
Dois e dois é sempre quatro e ponto final.
Um dízimo vale mais que um terço: mate-mático.

Não gosta de brincar nem de imaginar.
Ou se é sério, ou não se edifica.
Pecou tem que pagar.
Nem ajoelhou, mas já tem que rezar.
Ouviu um problema e já tem que compartilhar.
Nunca viu nem ouviu a pessoa, mas já sabe o seu problema.
Contundente, sua palavra é uma espada: trau-mático.
Tudo que não contem o seu pensamento é vazio.
Todo vazio é sem sentido.
Solta os cachorros nos contras: dog-mático.

Maria foi só a mãe de Jesus, já morreu e ponto final.
Um santo é só uma estátua e ponto final.
Para ele, aliás, a frase deve terminar em ponto-final.
Reticências e interrogação, ou é do inimigo, ou é dos fracos.

Procissão é uma bobagem.
Um rito é só uma cena inútil.
O mito, o protagonista ignóbil.
Aliás, uma coisa, ou é do bem ou é do mal.
Um teólogo é um frio.
Nada é mais do que está escrito no rótulo.

A imagem é mais cara que a mensagem: caris-mático.
Um homem-de-Deus vale mais que um homem.
Uma mulher-de-Deus, ou é também de-pastor, ou é profetiza.
Em todo caso, vale mais que uma mulher.
Uma Bíblia aberta vale mais que uma fechada.
Uma Bíblia fechada vale mais que um romance
e um romance vale mais que uma camisinha usada.
A palavra do pastor vale mais que uma Bíblia aberta,
aliás, para todo tema tem um sermão: te-mático.

Fantasia é do diabo.
Razão é de Deus.
Sonho pode ser dos dois.
Dúvida é fraqueza.
Certeza é poder.
Sofrer ou é plano ou é pecado.
Transfere para o corpo o que não resolve em si: so-mático.

Buda é só um gordinho sentado.
Francisco é um pobre coitado.
São Jorge, ou é quadro, ou é parque.
Uma pedra é só uma pedra...
Se estiver no meio do caminho é provação.

Mas uma praga pode ser útil: prag-mático.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

ca FÉ com LEI te (13)

?ergunte ao ?astor

148. De onde foi espremido o sumo sacerdote?
149. Quando finalmente se formarão os pastores do colegiado?
150. A bancada dos evangélicos no Congresso é formada pelos lobistas no meio das ovelhistas?
151. É verdade que na Missa do Galo, galinha não entra?
152. Elefante presbiteriano é batizado com uma tromba-d’água sobre a cabeça?
153. “Para bom entendedor, meia palavra basta”, significa que só o Novo Testamento já basta?
154. Se quem tem boca vai à Roma, quem tem lábia vai a Miami?
155. A moça que entrou muda e saiu calada, não foi curada porque não tinha o-fé-rta?
156. A mente ociosa, oficina do Diabo, abre aos domingos?
157. Os anticorpos são tipos de hormônios espíritas que habitam o corpo humano e desprezam o que é materia?
==========
Como já foi dito lá no início dessa sessão, este espaço é dedicado às questões mais simples que povoam a cabeça do crente simples. Espero que até aqui tenha cumprido esse proposi... (opa quase caí nessa) esse papel.
Na próxima edição, abordaremos outras dúvidas que vocês, meus leitores queridos, não esperam por perder.
Mande suas sugestões e dúvidas também.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Não tenho mais tempo de não ter tempo

De repente um sentido de urgência se abateu sobre mim.
Bem agora que eu estava curtindo essa onda do ir devagar...
De não queimar a vela pelas duas pontas, como um dia me dissera um professor.

Parece que simplesmente acordei com isso, como se estivesse em uma gincana,
e um cronômetro foi disparado e preciso fazer tudo em breve tempo.
Não tenho tempo para sequer dizer: não tenho tempo, como é comum dizer.
Não me resta tempo para lamentações.
Não tenho tempo para pensar como vou fazer, ou o que vou iluminar.
Agora devo focar.
Agora devo ir direto ao assunto. Rodeios me farão perder.
Se tiver duas frutas para comer, como a melhor, não sei se há tempo para as duas.
É hora de abrir meu melhor vinho.
Não guardo mais nada. Nem ressentimento nem amor: o primeiro jogo, o segundo dou.
Sim, não quero que nada fique comigo. Quando findar o tempo estarei vazio e vencedor.
É isso: nessa gincana só ganha quem terminar vazio.
Assim, as palavras que tenho represadas, devo falá-las, libertá-las.
Os sapos que engoli, vomitá-los.
Não tenho mais tempo para ponderações do tipo, que pensarão de mim sendo eu mesmo?
Não tenho mais tempo para yoga, pilates, correr, malhar... A não ser que eu queira.
Não posso mais interpretar papeis, a não ser os m-eus dentro de mim.
Não dá mais para participar de reuniões chatas sem me entregar ao sono.
Sim, dormir vale. Não muito. Aqueles sonos interrompidos pelo seu próprio auto-esgotamento.
Como um caminhão solto na banguela e que por si só para na próxima ladeira.
Assim, a gente ganha tempo, dá até para escrever um sonho.
Não tenho mais tempo para ficar numa roda falando das pessoas ou da crise.
Acabarei eu mesmo sendo uma pessoa em crise... E não venço a gincana.
Se tiver uma grande ideia, ponho em prática já. Se nem for tão grande, idem.
A ideia é não ficar com nada. Ou como se diz nos jogos: não morrer com o coringa na mão. Descartar.
Dirão: “bobo, guarda para a hora certa...”. E eu direi: hora certa é para quem tem tempo e conhece o futuro. Eu não tenho nem tempo nem futuro, apenas o futuro do indicativo que indica que é imperativo eu buscar o presente do conjuntivo e não o meu infinitivo pessoal.
Não tenho mais tempo para o passado.
Gerúndios, nem pensar. Não tenho tempo para “estar passando um e-mail”. Passarei ou não. Se houver mal entendido, não replicarei, ligarei.
Devo falar o mais que puder pessoalmente com uma pessoa. E se olhar nos olhos ganho tempo e bônus.
Não dá mais tempo para ficar escolhendo rimas. Devo dizer logo que amo a quem amo e aceitar logo que tenho inimigos.
Não posso mais me dar ao luxo de gastar tempo com essencialidades banais.
Não tenho mais tempo para sonhar; agora é acordar e fazer.
Não tenho mais tempo para pensar se devo chorar ou não diante do que me tira o chão.
Não tenho mais tempo para rezar, preciso é falar com Deus, antes que o faça pessoalmente.
Por falar nisso, não tenho mais tempo para estudar o grego, o hebraico, o latim só pra saber se estou agradando um Deus.
Urge lançar meu amor, e se uma das flechas em Deus acertar, talvez uma sobrevida eu ganhe.

Não tenho mais tempo para escrever... Por agora.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um Caso de Transtorno de Pica (V)

Caiane foi quem se aproximou da mesa e disparou: “querem ver meu irmão comer um prendedor de roupas?”. A mãe de Ataíde engasgou-se com o bolo. Dona Almerinda correu pegar um copo d’água. O esposo olhou para o sofá e os meninos se divertiam. Ele também sorri sem jeito. A que estava engasgada, recuperada, diz a Caiane: “Não é preciso...”. Ate depois de muito tempo, os pais de Ataíde não sabiam se por sarcasmo ou por uma exibição costumeira que a irmã falou aquilo. Enfim, de tudo que conversaram e viram naquele dia, pouquíssima coisa restou, quase nada, que pudesse servir de ajuda, senão o cuidado de que a vida é assim e seguirá assim.

Seu Ataíde e Conceição – sim, Gustavinho tinha o mesmo nome do pai e era esse provavelmente o motivo pelo qual o pai não autorizou a mudança do nome sugerido pela tia. Seu Ataíde e Conceição foram levando essa vida já com quase tudo assentado, como se assenta a terra com o tempo, com o sol e com a chuva. Não buscavam mais tantas respostas, mas respostas vêem quando não se as buscam. Olhando para um moço que fazia funcionar e desligar um brinquedo de parque e que possuía um braço atrofiado espetado num tronco exageradamente avantajado, seu Ataíde concluiu que esta era uma boa metáfora para a vida: o parque abre todos os dias, sem falhar, independentemente de quem nele trabalha. O que é feito para girar vai girar, o que é feito para pular vai pular, o que é feito para dar emoções vai dar. Alguns vão se divertir, outros vão trabalhar, outros vão sobreviver... “Tenho sorte”, pensou seu Ataíde.

Já com Conceição não era bem assim. Na festa de 15 anos de Gustavinho chegou até a fazer um discurso que a todos fez chorar, dizendo da sua aceitação e agradecimento pela vida feliz de sua família, das compensações da vida, do amor que não faltava etç e tal, mas não desligava suas antenas das possibilidades. Tinha portas muito largas para a inclusão de filosofias, baratas ou caras, que de qualquer forma, ela mesma se encarregaria de por outras janelas despejá-las fora.
Nesse mesmo dia de festa, ela conversava com algumas amigas, assuntos bem distantes desse, que é tema dessa redação. Quem tem assunto grave em casa e já se conformou, faz transparecer mesmo com diversos outros temas, como é estruturado e confiante em Deus ou em si mesmo. Conceição era sim uma mulher segura. Perdera a mãe cedo na vida e o pai, já idoso, vivia com uma companheira que a tia, aquela das cartas comestíveis, foi quem ajeitou para que cuidasse dele na viúves e que acabou cuidando de muitas outras coisas. Com ele Conceição não podia contar como se conta com um pai, como se escuta de um pai e tudo mais. Ele já esquecia as coisas; piorava as coisas por conta disso. Nunca entendeu bem o transtorno do neto. Às vezes omitia, às vezes aumentava o problema, quando tentava explicar a amigos e vizinhos. Como criança, uma vez ficou muito tempo sem falar com a filha porque Gustavinho comera alguns selos raros de sua coleção.

Voltemos à sala e a conversa. Conceição conversava com as amigas, ria, falava do marido, dos filhos, da casa, mas tinha sempre outro sentido reflexo de acompanhar Ataíde por todos os cantos e sem sair do lugar. - Essas coisas de leis de compensação com as quais se beneficia alguém diante do infortúnio. Interrompeu a conversa para chamar a atenção de Ataíde que comia e oferecia aos colegas, o numero um da vela que acabara de apagar. Como um comandante que executa comandos em uma aeronave e exibe o painel para filhos de passageiros, precisa e doce, controlou a situação. Ela retirou a vela de suas mãos, limpou o canto de sua boca, passou um guardanapo na calça suja de maionese, passou os dedos entre os cabelos desgrudando-os do suor, enquanto, ao mesmo tempo conversava com os meninos e perguntava se estavam se divertindo. Fez tudo isso como ato corriqueiro, incluindo o fato de que reparou quando um dos coleguinhas correu contar à mãe que viu Gustavinho comendo vela.
Festas são como florestas: você pensa que está só ali, mas há sempre um ser te observando. Bem, devo me esforçar em concluir nesse parágrafo o que não consegui nos dois últimos: a conversa com as amigas. Entre as amigas, Ivete, que há algum tempo não via. Fez como que não tivesse visto, mas viu o detalhe que se passou, enquanto Conceição, de igual forma, interpretou uma despercebida, mas viu que a amiga tinha visto. Enfim, quando ia se aproximando da roda de amigas novamente, Ivete se antecipou a ela perguntando se estava tudo bem, se queria alguma ajuda na manutenção da festa e tal. Conceição percebendo intenção da amiga de indagar sobre Gustavinho, facilitou as coisas com uma pequena tragicomédia: - Ele sempre faz isso nos aniversários. Por isso nunca sobra o numero um para a próxima festa...

É muito bom quando se entra num assunto proibido por via das comédias, é como engraxar uns eixos de uma máquina de intricado mecanismo. Assim, logo já estavam falando mais sério, rindo às vezes, pausas, e sentadas no sofá, agora Conceição ouvia com muito interesse o que Ivete dizia. Ivete tinha a voz suave, dessas que não se usa para disputar nada, mas que ao mesmo tempo ganha disputas. Sorria quase o tempo todo, de se criar pequenos sulcos nas faces mesmo quando permanecia séria. Uma pessoa interessada em tudo. Foi ali que Conceição soube que “Pica” vinha do latim “Pega”, um pássaro do hemisfério norte que come tudo que encontra pela frente. Não foi direta, mas explicou da evolução das coisas, das pessoas, bichos. Como a realidade poderia ser compreendida a partir da religião, da ciência e da filosofia. Ponderava que o espírito das pessoas é que importava...

Naquela noite, Conceição foi dormir até mais pensativa e comentou com o Marido antes de apagar, se ele já tinha ouvido falar num tal pássaro comilão, - já que o sogro gostava bastante de aves e de tê-las em gaiolas – e se o espírito dos animais poderia ser mais digno que o das pessoas. Não obteve resposta, mas não fez caso, pois, ou marido já havia dormido, ou não sabia o que responder, ou, o que é o mais provável, simplesmente não respondeu, como é dado à maioria dos homens, que imaginam que são sempre retóricas as indagações das esposas.
Conceição passou a se encontrar mais vezes com Ivete, que sempre estava disponível e muito cortês, apesar do trabalho, da casa, da família, do marido. - Família e marido aqui separados, não se trata de uma redundância, mas uma observância deste narrador. Passou a freqüentar as reuniões que Ivete freqüentava e a se inteirar mais dos espíritas e a se doar mais aos seus centros.

(continua)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cruzadas Gospel - solução

HORIZONTAIS
1. Igreja Batista (ficou isolado, mas acho que eles gostam).
2. Cidade que Josué incendiou.
3. Adjetivo de mulher que um crente não deve usar.
4. Eram formados em seminários; agora basta ter uma Bíblia, uma gravata e uma garagem.
5. Bultimann e Rubem; dupla dinâmica de teólogos.
6. É preciso que os fieis façam com relação à doutrina da igreja e a autoridade da liderança para não serem discriminados.
7. Não é Alice Cooper, mas judia dos pintinhos.
8. Sociedade dos Pastores Mórmons.
9. Diante do qual se tem andado de muitas formas.
10. Ilse (...), escritora filha de judeus.
11. Quem é salvo e tem certeza (...).
12. Confere poder... Também status, respeito, fama, dinheiro...
13. Ordem dos Evangélicos Batistas.
14. Falta-lhe um dedo, mas não é o Lula; é da Universal, mas não é artista de cinema; é bispo, mas não fica no xadrez.
15. Nome que veio para salvar da vergonha de ser chamado de crente e acabou piorando as coisas.
16. Apenas uma minoria esmagadora de pastores consegue entendê-la.
17. Pai de Saul.
18. (...) Soares, onipresente na TV.
19. Acham que sem eles a igreja não tem razão de ser.
20. Tensão Pré Textual; a irritação e ansiedade que se abate sobre um pastor diante de um texto que ele não faz a mínima ideia do seu sentido, mas mesmo assim quer pregar sobre.
21. As Teologias de Batalha Espiritual faz com que os crentes vivam neuróticos com elas em punhos.
22. Varão que é varão deve ser.
23. 1/3 (um terço) de dízimo.

VERTICAIS
24. Sem elas a fé é morta... Mas tem muita gente matando a fé justamente com elas.
25. Inexiste no meio evangélico.
26. Ordem e Decência; moto dos presbiterianos.
27. As falsas tornam o crente, bobo e desanimado.
28. Curte xadrez.
29. Gambá do nordeste.
30. O que não é preciso que você faça segundo a teologia da prosperidade.
31. Violentadas na colonização e catequização das Américas.
32. Igreja não conseguiu controlar a fogueirinha que acendeu para seu próprio calor e tudo virou um incêndio de grandes proporções, onde se encontram hoje muitos crentes carbonizados.
33. Maturidade sem idade.
34. Sermão sem gordura.
35. Todo pastor tem, ou acha que tem, um pouco de.
36. Ordem dos Advogados do Vaticano.
37. Uniforme de executivos e pastores.
38. Prática nos cultos evãgélicos, é termômetro da eficácia das mensagens.
39. O que não se admite em hipótese alguma que os crentes sejam.
40. Eslovênia; pequeno país do leste europeu. (primeiras letras)
41. (...) de - pau; o que se deve ter para pregar alguns sermões.
42. Associação Evangélica de Pastores Ex-Gays. (desculpem, não tinha outra coisa pra por)
43. “Só sei que nada (...)” Citado por Platão... Ou seria Sócrates? Não sei.
44. Também usada hoje como porta-dólar.
45. É incrível, mas ainda o crente vive para ela e nela busca a Salvação.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Nas Estruturas – nova (a)versão de “Nas Estrelas”

Nas estruturas vejo um irmão
e nas vigas ouço a minha avó,
meu domingo eu vi desabar
tudo que é Fé pra mim.

Não sei o sentido nem a pau,
dessa estória de me conformar,
que isto veio para me ensinar...
O que será de mim?

Até um dia um pastor ouvi,
sua imensa casa percebi,
descobri então que eu não tive
bênçãos lá do céu...
Só um teto caindo!

Mas agora ao meu lado está,
que ironia, está sem altar,
ajudando-me a procurar
todos meus entes sim...

tchu tchu tchu tchu tchu

(repete refrão)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A propósito...

Propósito. Já me antipatizava com esta palavra, agora ainda mais, pronunciada pelos bispos da Igreja Renascer, dizendo ter um “propósito” tal acontecimento, referindo-se ao desmoronamento da estrutura da sede da igreja no último domingo.

Propósito é dessas palavras que precisamos falar meio cuspindo, pois a consoante surda e oclusiva “Pê” dita seguidamente e ainda por cima com um acento agudo (acho que esse ainda continua com um propósito para existir), dá ao pronunciante um ar de mal-educado e/ou presunçoso. As bandeiras da bochecha que flamulam por impulsos da fonética, trazem consigo o moto do cinismo.

Propósito também soa sabedoria. - Claro que quando dita; quando escrita a palavra não soa, ela estampa. Quando dita, as palavras voam, tem tons, intenções, ritmo, e podem atingir o ouvinte de várias formas, deixando nesse, conotações e impressões. A palavra dita é fria e determinada. Categórica. Por isso tantos mal-entendidos nos e-mails. Alguns até usam de grafismos após a palavra para auxiliar nas intenções. (ex. rrsss, :(, :) ).
Em resumo: propósito, dito ou escrito, soa e estampa sabedoria.

Propósito é das palavras coringas: podem ser usadas a qualquer momento que serve.
Ainda mais quando associada à figura de Deus. Entre as mais famosas está a frase-feita: “... Quem pode questionar os propósitos de Deus?”. Como que, querendo salvaguardar a imagem inexpugnável de Deus, o orador, com a força e piedade com que fala, acaba por esconder do próprio Deus os seus santos propósitos. A ponto de Deus mesmo se perguntar: “Ora, que propósito será?...”.

A propósito, sem querer de maneira alguma brincar com o sentimento das pessoas que nesse momento estão vivendo seus dramas e dores pela tragédia, quero concluir, com a ajuda de uma outra palavra que também não me agrada, mas que me é útil: engenharia.
Pode ser que, antes dos propósitos inescrutáveis, inexplicáveis, inquestionáveis de Deus, aja um fator de pífia nobreza entender: a gravidade é uma lei implacável. Se não está bem uma estrutura, seja de concreto armado, de metálica ou de madeira, o colapso é certo... E quase sempre avisa antes.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Cruzadas Gospel - level ridículo

Verticontes também é passatempo. Imprima e leve para praia, para cama, para as assembleias... Boa diversão!

clique p/ ampliar

HORIZONTAIS
1. Igreja Batista (ficou isolado, mas acho que eles gostam).
2. Cidade que Josué incendiou.
3. Adjetivo de mulher que um crente não deve usar.
4. Eram formados em seminários; agora basta ter uma Bíblia, uma gravata e uma garagem.
5. Bultimann e Rubem; dupla dinâmica de teólogos.
6. É preciso que os fieis façam com relação à doutrina da igreja e a autoridade da liderança para não serem discriminados.
7. Não é Alice Cooper, mas judia dos pintinhos.
8. Sociedade dos Pastores Mórmons.
9. Diante do qual se tem andado de muitas formas.
10. Ilse (...), escritora filha de judeus.
11. Quem é salvo e tem certeza (...).
12. Confere poder... Também status, respeito, fama, dinheiro...
13. Ordem dos Evangélicos Batistas.
14. Falta-lhe um dedo, mas não é o Lula; é da Universal, mas não é artista de cinema; é bispo, mas não fica no xadrez.
15. Nome que veio para salvar da vergonha de ser chamado de crente e acabou piorando as coisas.
16. Apenas uma minoria esmagadora de pastores consegue entendê-la.
17. Pai de Saul.
18. (...) Soares, onipresente na TV.
19. Acham que sem eles a igreja não tem razão de ser.
20. Tensão Pré Textual; a irritação e ansiedade que se abate sobre um pastor diante de um texto que ele não faz a mínima ideia do seu sentido, mas mesmo assim quer pregar sobre.
21. As Teologias de Batalha Espiritual faz com que os crentes vivam neuróticos com elas em punhos.
22. Varão que é varão deve ser.
23. 1/3 (um terço) de dízimo.


VERTICAIS
24. Sem elas a fé é morta... Mas tem muita gente matando a fé justamente com elas.
25. Inexiste no meio evangélico.
26. Ordem e Decência; moto dos presbiterianos.
27. As falsas tornam o crente, bobo e desanimado.
28. Curte xadrez.
29. Gambá do nordeste.
30. O que não é preciso que você faça segundo a teologia da prosperidade.
31. Violentadas na colonização e catequização das Américas.
32. Igreja não conseguiu controlar a fogueirinha que acendeu para seu próprio calor e tudo virou um incêndio de grandes proporções, onde se encontram hoje muitos crentes carbonizados.
33. Maturidade sem idade.
34. Sermão sem gordura.
35. Todo pastor tem, ou acha que tem, um pouco de.
36. Ordem dos Advogados do Vaticano.
37. Uniforme de executivos e pastores.
38. Prática nos cultos evãgélicos, é termômetro da eficácia das mensagens.
39. O que não se admite em hipótese alguma que os crentes sejam.
40. Eslovênia; pequeno país do leste europeu. (primeiras letras)
41. (...) de - pau; o que se deve ter para pregar alguns sermões.
42. Associação Evangélica de Pastores Ex-Gays. (desculpem, não tinha outra coisa pra por)
43. “Só sei que nada (...)” Citado por Platão... Ou seria Sócrates? Não sei.
44. Também usada hoje como porta-dólar.
45. É incrível, mas ainda o crente vive para ela e nela busca a Salvação.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ca FÉ com LEI te (12)

?ergunte ao ?astor

137- O direito de ir e vir é uma conquista apenas dos espíritas?
138- E seria por causa desse direito que instituíram o passe livre?
139- O oceano Pacífico é mais calmo que o Atlântico?
140- Quanto tempo leva uma banda-evãgélica-larga para baixar um espírito?
141- Quem exorcizou os Demônios da Garoa?
142- Para os evãgélicos, não é daqui o Salvador Dali?
143- Pilates é uma técnica que visa corrigir a postura física e mental apenas lavando as mãos. Falso ou Verdadeiro?
144- Apenas São Paulo consegue excomungar um espírito de porco?
145- Que Papa canonizou a espinheira santa?
146- A incumbência dos Levitas era de levitar os sacerdotes?
147- O capim-santo era o alimento preferido de Santo Antão?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Fotos de uma tarde de tédio

Se não fosse tanto tempo gasto com seminário, engenharia, teatro, acho que eu teria dado para um bom fotógrafo. Não é por nada, mas acho que tenho mesmo o dom da revelação.

Manga chupada. (tá, nada a ver)


- E s t o u_ co m _d o r_ d e_ c a b e ç a_ q u e r i d o o. . .
- S ó _u m a ___r a p i d i n h a a a.
Pet e eu boiando.
Homenagem ao meu amigão Pava.

O que acham de estranho aqui?
Placa para balas-perdidas.
Imaginação do crente.

Aqui fui flagrado pelos paparazzi usando a camiseta da campanha do câncer da próstata que estou lançando.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Falando nisso...

Falando nisso, por que não caiu o acento de evangélicos, já que há muito perderam seu timbre agudo?

Soneto sem pelo em ovo

O agudo não fazia ideia
das joias que perderia...
Agora ator sem plateia,
nem baiuca lhe restaria.

Caiu do voo o circunflexo,
coador de sons, soa à toa...
Nele já não veem nexo,
pois nem pelo já não coa.

Pelos pelos que em ovos não se veem,
buscam-se mistérios da comunicação,
pelejam pelas pelas de um jogo vão.

Não é o que sai da mão o agudo mal,
mas a tônica das intenções de um jornal...
Meias-verdades, meias-mentiras, amém.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Faixa de Gaze

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Um Caso de Transtorno de Pica - IV

Como dona Almerinda não possuía recursos - e convenhamos, seis filhos não permite a ninguém que se repare em detalhes comportamentais – só foi saber da doença do filho tardiamente, quando ele já tinha 16 anos. O marido a abandonara logo após o segundo filho. Os outros vieram com seu Alípio, com quem se amasiou. Isso era um motivo que a fazia se sentir culpada pelo grave problema do filho, mas sem em nenhum momento fazer transparecer.
Voltemos então à visita: era uma casa surpreendentemente arrumada. Quando adentraram à sala, os pais de Ataíde sentiram que estavam sendo aguardados. Os seis filhos de dona Almerinda estavam dispostos no malhado sofá em ordem crescente. Selma, Sonia, Samuel e Claudio – o que tinha Pica - Caio e Caiane do pai fujão. Esse cenário pouco mudou durante toda a visita. Sentaram-se nas cadeiras da cozinha que, quase uma com a sala, separados apenas com uma estante de caixotes pintados onde havia vários porta-retratos. Nas paredes havia alguns quadros sem nenhuma estética, como se fossem colocados onde já tinha o prego. Uma pequena televisão ligada, mas sem volume, apenas para distrair a menorzinha que assistia os desenhos.
Tomaram café, comeram bolo caseiro, conversaram coisas de se jogar fora, mas não sabiam como entrar no assunto. Era inevitável que, ora o pai, ora a mãe de Ataíde, varriam o ambiente a procura de, digamos, marcas da doença. Esses olhares terminavam sempre no sofá abarrotado de filhos, que correspondiam com um risinho encabulado e desconfiado.Caiane foi quem se aproximou da mesa e disparou: “querem ver meu irmão comer um prendedor de roupas?”. A mãe de Ataíde engasgou-se com o bolo. Dona Almerinda correu pegar um copo d’água. O esposo olhou para o sofá e os meninos se divertiam. Ele também sorri sem jeito. A que estava engasgada, recuperada, diz a Caiane: “Não é preciso...”.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Babush II

Zonatal

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Um Caso de Transtorno de Pica III

Contudo, cada fase trazia uma preocupação; um agravante. Aos catorze anos, quando a pré-adolescência abre a janela para um horizonte com a silueta da sensualidade, Ataíde não poderia ser deixado sozinho, como seria natural, em companhia de revistas masculinas. Literalmente, ele comeria a revista. Apesar de já estar acostumado à ingestão de celulose, nesse caso poderia ter uma overdose. Foi um momento delicado para a família, pois desejavam que ele tivesse uma adolescência normal e de forma alguma queriam constrange-lo com restrições, espionagens, sanções, etc. Mais uma vez os pais souberam acompanhar o momento com muita diligencia e bom senso e em nenhum instante se entregavam à procrastinação. É hora para dizer o que até aqui ainda não fora dito por esse narrador, que desde os primeiros dias da identificação da doença, pai e mãe se revezavam sistematicamente em tarefas as mais insólitas, para não dizer ingratas. Por exemplo, uma investigação diária e acurada das fezes do garoto para, ao mesmo tempo que conhecer suas preferências, tentar identificar a classificação da patologia segundo essas mesmas preferências.
Por falar em classificação, - o que não vem ao caso de transcrever todos os tipos aqui - aqueles pais tiveram contato com uma senhora cujo filho sofreu de um típico caso de Xilofagia acompanhada em grau menor de Urofagia. A primeira se refere ao impulso de comer madeira; o segundo ao impulso de beber a própria urina. Foi a mãe de Ataíde quem, pela internet, conheceu dona Almerinda, mãe de seis filhos dos quais o terceiro possuía o transtorno. Não foi sem muita relutância que a procurou para trocar e, principalmente, aprender com as experiências daquela senhora. Na verdade fizeram-lhe uma única visita. Uma única visita, mas bastou para que se ficassem imagens que custaram a sair da cabeça do casal.

(continua)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

As pessoas que eu gostaria de encontrar no céu

As pessoas que eu gostaria de encontrar no céu,
segundo as normas de salvação
e os critérios de se reconhecer um réu,
é bem provável que no céu não estarão.

Não são anjos que me inspiram;
ocasos deslumbrantes num deserto,
decerto que não seriam.
Ao coro de vozes não me desperto,
nem à intrincada melodia lauta;
saiu do tom o que me intriga...
Desafinou, pulou da pauta
o que me encanta e irriga.

O que alenta um espírito
assim tão frágil tão incauto,
não é o forte nem o fausto;
é vício de vida o que respiro.
As pessoas que eu gostaria de encontrar no céu,
são as mesmas que encontro ao léu.
E as cadelas que vagueiam prenhas
nas calçadas lixando suas mamas...
E um pombo cinza de guerra
que erra por não ser branco,
aos pés do vadio sentado no banco
que banca todo lixo da terra.
O que me lança vivo na fogueira,
não é promessa de vida eterna
ou recompensa devida e terna;
é a vida e a causa
das pessoas e coisas
que eu gostaria de encontrar no céu.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Ponto de Vista


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Babush Calçados


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um Caso de Transtorno de Pica - II

Nessas incursões que faziam nas ciências, pai e mãe de Ataíde Gustavo, foram parar no esoterismo, pois perderam o linear, às vezes muito tênue que separa ciência desse último. É certo que ajudados por uma tia do menino que sempre via umas luzes, umas auras nas fotos em que ele estava. Nunca quis interferir diretamente, mas sempre teve muita paciência em ficar com a criança e lhe trazia luas e estrelas com recheio de caramelo, cartas de tarôs de maizena e outras guloseimas de aspecto não comestível. - Se isso fizera bem ao desenvolvimento do garoto não se sabe, mas o fato é que nunca contavam exatamente tudo aos profissionais. Foi ela, a tia, quem insistiu para que se acrescentasse um “H” ao nome do sobrinho: “Athaíde”, atingiria maior vibração numerológica, uma vez que a soma dos números correspondente às letras daria 12; número de força simbólica muito grande. Embora fosse muito grato à prestativa cunhada, o pai jamais permitiu.
Doze também era a idade de Ataíde Gustavo quando a tia viajou para Índia junto com um grupo que se especializava em cabala. Dizem que ficou por lá e casou-se com um professor. Correspondeu-se por um tempo com a família fazendo suas doutrinações e compartilhando suas novas descobertas no mundo dos mistérios. Depois, sendo o tempo mistério maior, ficaram mais esporádicas e esquisitas suas palavras até minguarem de uma vez. Não sentiram a falta o cunhado e a irmã; estavam noutra. Gustavinho talvez, pois reclamou por um bom tempo a falta das cartas de maizena, que a mãe tentara em vão fazer, mesmo com as receitas.
Nada vem só para o mal nem só para o bem. O bom era que Ataíde Gustavo tinha uma saúde de ferro. Todos os médicos e especialistas por onde haviam passado, já haviam assegurado que ele teria problemas sim, sem um acompanhamento adequado, mas para consolo dos pais, afirmavam que o menino criaria anticorpos poderosos e não era qualquer coisa que o derrubaria. Começando das doenças de infância como catapora, sarampo e outras que nunca contraiu de fato.

(continua)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Um Caso de Transtorno de Pica

Ataíde Gustavo sofria do Transtorno de Pica. Mal também chamado de Alotriofagia, que é um desejo incontrolável de comer coisas não comestíveis.
O diagnostico foi feito tardiamente, mas desde a mais tenra idade já apresentava os sintomas. Isso porque é muito comum crianças até certa idade levar tudo à boca – fase oral – e por se tratar de patologia rara, não dá para ter certeza sem exames e testes numa fase posterior. E Gustavinho, para dissabor dos pais, era um caso.
Depois de confirmada a suspeita dos peritos, a mãe começou a recordar então de algumas situações que nos primeiros anos de vida de Gustavinho, achava estranho, mas como era mãerinheira de primeira viagem, deixava prá lá. Às vezes contava às vezes não, ao marido. Estava explicado porque ele só mamava no peito quando ela colocava o sutiã. Como a mãe percebeu isso não se sabe, coisa do instinto materno. Talvez ela achasse que com o sutiã, o colostro teria um gosto mais aceitável para o paladar de Ataíde, enfim... Foi atrás de alguns sutiãs que havia guardado daquela época – mãe tem dessas coisas – e percebeu de fato que as pontinhas estavam carcomidas, ou melhor, comidas; “carcomida” dá idéia de algo que o tempo e a traça roeram... Mas não! Gustavinho comeu mesmo! Tivesse o bichinho, dentes nessa fase, e ela sentiria na pele.
Houve um período assim mesmo, de descobertas e espantos, após Ataíde Gustavo completar nove anos de idade, quando a doença foi constatada. Sumiços de objetos; um rato que nunca conseguiam pegar apesar das inúmeras ratoeiras e dedetizações; o mistério das xícaras quebradas nas bordas – e tome bronca a empregada; o esquartejamento dos bonequinhos do Forte Apache – e tome chineladas o cachorro; os móbiles capengas sobre o berço; os pequenos buracos na terra no quintal... Agora estava tudo esclarecido. Até as acusações dos coleguinhas do primário, as quais a professora ignorava, de que Gustavinho estava comendo os apontadores e borrachas da turma, agora procediam. A mãe não quer nem pensar muito do que não teria ingerido o seu filhinho na fase oral, quando realmente se juntou à fome a vontade de comer.
Passados esses dias de choque, vieram dias de aceitação e conformismo. O jeito era adaptar o ambiente para o filhinho especial e, como é comum, a mãe foi para a internet, aos grupos de ajuda, associações, etc. Passava horas estudando e lendo sobre casos semelhantes e suas terapias. À terapia também recorreu; individual, família, em grupo. Esta última não deu muito resultado. Pelo contrário, aumentou o sentimento de exclusão que Gustavinho já nutria, pois os monitores que ficavam com os filhos dos pacientes, freqüentemente se queixavam que seus materiais didáticos viravam lanche do gulinha. “Gulinha! Que terminologia mais discriminatória e inadequada...” Dizia a mãe. No entanto, acreditava que a ciência era o caminho e continuou nos estudos, nas consultas, nos exames.
Nessas alturas já estava a família perfeitamente formatada e disciplinada. Já tinham mais uma menina, que tiveram quando Ataíde Gustavo completara nove anos. Veio meio sem querer. Quer dizer, queriam muito outro filho, mas também era natural o medo. Precaviam-se, mas nem tanto. E quando veio a notícia da gravidez, o pai até, meio sem graça brincou: “será que o Gutinho mastigou uns preservativos também?”. No entanto, todo temor com relação à menina se desfez quando ela naturalmente mamou no seio nu.

(continua)